Grandmacore: como a estética da “casa de vó” virou tendência global em 2025
- Marcia Miranda
- 20 de ago.
- 3 min de leitura
Atualizado: 24 de ago.
Do aconchego nostálgico das toalhas de crochê às releituras refinadas de publicações internacionais, entenda por que o estilo afetivo da “casa de vó” conquistou o design contemporâneo (e como trazê-lo para festas intimistas e redes sociais).
O retorno da estética da herança
Num momento em que o design oscila entre minimalismo silencioso e maximalismo exuberante, surge uma tendência-antídoto: o Grandmacore. Vai além da decoração: é o desejo atual por memória, afeto e identificação visual.
Origem e legitimação internacional
Em maio de 2025, a revista norte-americana Good Housekeeping — referência desde 1885 em temas de lar e bem-estar — descreveu o Grandmacore como “um grande abraço em forma de decoração”, destacando seu poder emocional frente ao minimalismo impessoal.
A britânica House Beautiful, com tradição iniciada em 1896, apresentou o estilo como uma fusão de nostalgia e sofisticação — nostalgia curada para o cotidiano moderno. A Associated Press (AP), agência globalmente respeitada, posicionou o Grandmacore entre as principais tendências de decoração de 2025, em diálogo com o maximalismo e o cottage flow, enfatizando a criação de casas como “álbuns visuais de afeto”.
Mesmo o tabloide The Sun noticiou o revival dos anos 80 — com banheiros avocado e estampas florais — como símbolos de acolhimento nostálgico, não de estagnação estética.
O que caracteriza o Grandmacore
O Grandmacore é a estética da “casa de avó” repensada para hoje, expressa por meio de:
• Padrões florais e estampa mixadas com elegância;
• Crochês, rendas e bordados que contam histórias;
• Cristaleiras repletas de louças herdadas;
• Móveis de madeira sólidos e objetos com marcas do tempo.

O toque contemporâneo vem do olhar curador: designers equilibram objetos herdados com peças modernas. O rattan, por exemplo, renasceu como símbolo de textura calorosa e nachhaltiger (sustentável), destacado por Better Homes & Gardens (EUA) e exemplificado pela atriz Helen Mirren, em reportagem da Homes & Gardens (Reino Unido).
Por que agora?
O Grandmacore aparece como cura ao excesso digital e ao morar impessoal. O portal indiano IndulgExpress notou que, em julho de 2025, jovens adotam o estilo como refúgio criativo — crochetar, cozinhar pão e desacelerar. E, mais do que alimentar feeds, trata-se de viver atmosferas autênticas. Além disso, há uma dimensão de sustentabilidade afetiva: priorizar o uso e a memória de objetos antigos, em vez do consumo veloz.

Trending no TikTok
No TikTok, o Grandmacore virou expressão criativa e persona de verão. Pesquisa com 2 mil mulheres Gen Z e millennial nos EUA, pela Talker Research para a rede de sucos Jamba, revelou que 22% escolheram o Grandmacore como sua “summer vibe” mais ressonante — a mais citada entre personas como Coastal Cowgirl e Tomato Girl.

E mais: 44% dessas identidades visuais emergiram diretamente do TikTok como fonte de inspiração, reforçando o poder da plataforma para traduzir estética em experiência de vida.  
Grandmacore à brasileira: a estética da “casa de vó”
No Brasil, o Grandmacore encontra sua tradução mais autêntica na “casa de vó”. Toalhas de crochê, redes de algodão, cristaleiras com louças para visitas, bordados, azulejos florais dos anos 80 — tudo compõe nossa memória doméstica.
Acima de ser revival, aqui o Grandmacore é continuidade de tradição: rendeiras do Ceará, bordados mineiros, cerâmicas do Vale do Jequitinhonha e cestarias nordestinas dialogam com nossos afetos arraigados.

Traduzindo para decoração de festas
Sob a assinatura sensorial da Dona Sophia, o Grandmacore se desdobra em:
• Mesas acolhedoras com louças herdadas, arranjos do campo e tecidos bordados.
• Detalhes têxteis (crochês, rendas, patchworks) nos guardanapos, sousplats ou mantas.
• Cantinhos de afeto com objetos familiares que contam histórias.
• Paletas nostálgicas: verdes musgo, terrosos quentes, florais suaves e pastéis.
Mais que estética, uma forma de estar
O Grandmacore é postura estética; uma forma de habitar o presente com história. Prova que memória e contemporaneidade se complementam. É estética como acolhimento: não apenas decorar, mas abraçar.